São rosas, senhor!
É preciso não ignorar as consequências terríveis que poderão surgir da nova escalada nuclear em curso. Mais dois países - Coreia do Norte e Irão - poderão juntar-se, brevemente, à lista daqueles que, assumidamente ou não, já possuem armamento nuclear: Eua, Rússia, China, Reino Unido, França, Índia, Paquistão e Israel. Segundo Mohamed ElBaradei, presidente da Agência Internacional da Energia Atómica (Nobel da paz em 2005), nenhum país pode dizer ao mundo que as armas nucleares são más e, simultaneamente, ir desenvolvendo o seu próprio arsenal nuclear, como estão a fazer os Estados Unidos, a Inglaterra e a Rússia, numa clara violação do Tratado de não proliferação nuclear:
"In 1970, we said: Enough is enough, we don´t want the world to have even more nuclear Powers. Whereupon five nuclear Powers pledged not to manufacture any more nuclear weapons and to dismantle the existing ones over time. 35 years on, this has still not happened. Then you do have to ask yourself: Are the nuclear Powers really earnest about their promises? There are still 27 000 nuclear warheads - and that´s 15 years after the end of the Cold War. This should not however be a justification for countries like North Korea, which are now insisting on their right to nuclear weapons. Because that way, we approach the brink. There is a danger that we will destroy our planet." (ver aqui)
Perante isto, as mais recentes manobras diplomáticas entre os EUA e a China para evitar que o Irão se transforme numa potência nuclear, bem como as ameaças de embargo à Coreia do Norte pelo seu programa de enriquecimento de urânio, só podem cair em saco roto.
Se olharmos apenas para a questão dos direitos consagrados a estados soberanos, qualquer país tem legitimidade para desenvolver o seu arsenal nuclear - e este tem sido um argumento imbatível no braço-de-ferro entre os que já têm a bomba atómica e os que a querem ter...
Por outro lado, procurar um equilíbrio de forças à maneira do que já sucedeu com a guerra-fria entre os EUA e a ex-URSS não parece ser a solução, pois isto levaria a uma escalada demasiado perigosa. Fazendo minhas as palavras de Mohamed El Baradei, "[The]solution to the problem can only be achieved if you don´t stop at trying to treat the symptoms. Otherwise there is a risk that the situation in the Middle East will just deteriorate even further. The chaos there is already unbelievable anyway."
E tratar os sintomas que fazem com que certos países procurem armar-se implicará, obviamente, reequacionar e reelaborar o equilíbrio económico e as relações internacionais em matéria de direitos humanos. Isto implica submeter todos (mas todos sem excepção) aos mesmos princípios e às mesmas sanções... ou não?