sábado, outubro 03, 2009

Powaqqatsi - parte 5/5

Powaqqatsi - parte 4/5

Powaqqatsi - parte 3/5

Powaqqatsi - parte 2/5

Powaqqatsi Life in Transformation 1/5



Significado da palavra Powaqqatsi: 1. Entidade. 2. Estilo de vida que consome as forças da vida de outros seres para progredir sua própria vida.

Filme de:Godfrey Reggio
Música de: Philip Glass

sexta-feira, setembro 11, 2009

Quando provincianismo rima com autismo....

O que é que faz com que os portugueses sejam incapazes de uma auto-análise séria e profunda? Por que motivo se perseguiu por cá quem acusou Portugal de ser "um relógio atrasado no tempo pela incúria dos que o governam" (Cavaleiro de Oliveira,séc.XVII), em vez de se resolver os problemas estruturantes que provocavam esse estado de coisas?
Fernando Pessoa avisou-nos: "Se [...] quisermos resumir num síndroma o mal superior português, diremos que esse mal consiste no provincianismo [...][que]consiste em pertencer a uma civilização sem tomar parte no desenvolvimento superior dela - em segui-la pois mimeticamente, com uma subordinação inconsciente e feliz."(1)
E Eça também já o tinha feito: "Tendo abandonado o seu feitio antigo, à D. João VI [...] este desgraçado Portugal decidira arranjar-se à moderna: mas sem originalidade, sem força, sem carácter para criar um feitio seu, [...] manda vir modelos do estrangeiro..."(2)

Quantos bons portugueses, dos que pensam a sério nos problemas do país, não colocaram a nu a nossa pequenez e falta de visão?
E como reagimos a essas críticas que fomos lendo e ouvindo ao longo da História? Perseguimos as vozes do bom senso, por "falta de sentido patriótico", e continuámos alegremente deslumbrados a olhar para "os grandes" da Europa, a gritar "também quero!". Afinal, que tínhamos nós a menos do que a França, a Alemanha, a....? Nada! Nós até fizémos dez estádios de futebol em tempo record para o Euro! E lá foi Durão Barroso,aclamado por todos os quadrantes políticos, nos idos de 2004, para a presidência da UE. O orgulho pátrio ao rubro compensava o desgosto de não termos ido à final. Portugal ia finalmente ter "voz activa" nesse sacrossanto centro de decisão...

Passados cinco anos, já percebemos que Portugal, afinal, não decidiu nada, não ficou mais rico nem mais "civilizado", que "um português na presidência da UE" não muda o destino do país. E,quanto aos motivos da escolha de Durão Barroso, em detrimento de outros candidatos, se ainda houver alguém a alimentar ilusões patrióticas, bem pode esquecê-las. Principalmente, se ler o que foi publicado, a propósito desse assunto, no Der Spiegel (23/7/09) e agora traduzido no Courrier Internacional (Setembro 2009):

"Medíocres... para chegar ao topo (3)

[...]
A próxima oportunidade para eleger Durão Barroso será a 15 de Setembro, mas talvez então nada aconteça [...]
Durão Barroso tornou-se uma figura tragicómica. Já quase ninguém o tem em grande conta. [...]
Este deixou de ter qualquer autoridade significativa, se é que alguma vez a teve. A questão que se coloca é saber por que motivo os líderes europeus o escolheram? E por que razão troçam agora dele e o deixam cair, como se a sua posição fosse meramente acessória e não um cargo proeminente dentro da UE, uma grande potência económica com aspirações a ser uma potência política? A razão é óbvia, diz um dirigente da Europa do Sudeste: a UE agarra-se a este homem, conhecido pela sua fraqueza, por razões de conveniência e porque a procura de uma alternativa iria provavelmente desencadear maiores conflitos. [...]"

E enquanto no centro da Europa o mandato do "nosso ilustre português" é brindado com estes mimos, principalmente pelo grupo de deputados socialistas alemães, por cá continua a merecer aplausos à direita e à esquerda. José Sócrates chega mesmo ao ponto de dispensar à reeleição de Durão Barroso para a presidência da UE o mesmo entusiasmo que aplica na sua eterna campanha auto-promocional. Embora não seja o único a ver no apoio a D.B. uma prova da consideração das grandes potências europeias por este nosso Portugal dos pequeninos, o modo como enaltece a importância disso, como se de um grande feito nacional se tratasse, é, no mínimo, caricato:

"Julgo portanto que o Dr. Durão Barroso não é um candidato de nenhum partido. Vai ser, tenho a certeza, um candidato de todo o Conselho", disse Sócrates. Segundo o primeiro-ministro, Durão Barroso "fez um bom mandato nestes quatro anos" [reler a opinião dos alemães] e a sua continuidade à frente do executivo comunitário "é muito importante para Portugal". [...]" (in: Público)

Eis a subserviência provinciana elevada ao expoente máximo!

Será que nunca vamos conseguir perceber?

Quem é que se encarrega de explicar aos senhores que nos governam (sejam eles quais forem) que Durão Barroso só será reeleito se/porque isso for/é conveniente para a Alemanha e França? E que a concretizar-se essa releição, tendo em conta as razões, não representa nenhum motivo de orgulho para Portugal?!


_________________________________________________

Notas:

(1)- in:"O Provincianismo Português", Notícias Ilustrado, nº 9, série II, 12/8/1928
(2) - in: Os Maias
(3) - artigo de Ralf Beste, Klaus Brinkbäumer, Manfred Ertel, Rüdiger Falksohn e Hans-jürgen Shlamp

quarta-feira, setembro 09, 2009

Dinheiro "suíno"

Enriquecer à custa da guerra deixou de ser "politicamente correcto". Agora, o que está a dar é enriquecer fabricando "pandemias". Mas ainda há quem consiga desenvolver estas duas estratégias de enriquecimento praticamente em paralelo, com uma desfaçatez incrível:

quinta-feira, agosto 06, 2009

São rosas, senhor!




É preciso não ignorar as consequências terríveis que poderão surgir da nova escalada nuclear em curso. Mais dois países - Coreia do Norte e Irão - poderão juntar-se, brevemente, à lista daqueles que, assumidamente ou não, já possuem armamento nuclear: Eua, Rússia, China, Reino Unido, França, Índia, Paquistão e Israel. Segundo Mohamed ElBaradei, presidente da Agência Internacional da Energia Atómica (Nobel da paz em 2005), nenhum país pode dizer ao mundo que as armas nucleares são más e, simultaneamente, ir desenvolvendo o seu próprio arsenal nuclear, como estão a fazer os Estados Unidos, a Inglaterra e a Rússia, numa clara violação do Tratado de não proliferação nuclear:

"In 1970, we said: Enough is enough, we don´t want the world to have even more nuclear Powers. Whereupon five nuclear Powers pledged not to manufacture any more nuclear weapons and to dismantle the existing ones over time. 35 years on, this has still not happened. Then you do have to ask yourself: Are the nuclear Powers really earnest about their promises? There are still 27 000 nuclear warheads - and that´s 15 years after the end of the Cold War. This should not however be a justification for countries like North Korea, which are now insisting on their right to nuclear weapons. Because that way, we approach the brink. There is a danger that we will destroy our planet." (ver aqui)

Perante isto, as mais recentes manobras diplomáticas entre os EUA e a China para evitar que o Irão se transforme numa potência nuclear, bem como as ameaças de embargo à Coreia do Norte pelo seu programa de enriquecimento de urânio, só podem cair em saco roto.

Se olharmos apenas para a questão dos direitos consagrados a estados soberanos, qualquer país tem legitimidade para desenvolver o seu arsenal nuclear - e este tem sido um argumento imbatível no braço-de-ferro entre os que já têm a bomba atómica e os que a querem ter...

Por outro lado, procurar um equilíbrio de forças à maneira do que já sucedeu com a guerra-fria entre os EUA e a ex-URSS não parece ser a solução, pois isto levaria a uma escalada demasiado perigosa. Fazendo minhas as palavras de Mohamed El Baradei, "[The]solution to the problem can only be achieved if you don´t stop at trying to treat the symptoms. Otherwise there is a risk that the situation in the Middle East will just deteriorate even further. The chaos there is already unbelievable anyway."

E tratar os sintomas que fazem com que certos países procurem armar-se implicará, obviamente, reequacionar e reelaborar o equilíbrio económico e as relações internacionais em matéria de direitos humanos. Isto implica submeter todos (mas todos sem excepção) aos mesmos princípios e às mesmas sanções... ou não?

sexta-feira, julho 31, 2009

Microcosmos

quinta-feira, julho 30, 2009

The corporation

Há quem associe, metaforicamente, o modus operandi das grandes corporações aos comportamentos humanos. Legalmente já foram consideradas como indivíduos de pleno direito. Faz sentido, pois são criadas por nós - seres humanos. Mas a questão impõe-se: se as corporações se assemelham a pessoas, que espécie de pessoas são?

A resposta está aqui:

http://www.freedocumentaries.org/theatre.php?filmid=102&id=1243&wh=1000x720

quarta-feira, julho 22, 2009

Uma questão de matéria-prima


Nunca é tarde para recordarmos palavras tão sábias e certeiras e analisarmos a matéria-prima de que somos feitos. Ainda mais, quando se avizinha nova campanha aguerrida para as legislativas e estão em curso as autárquicas. Mais uma vez, vamos ser chamados a decidir quem nos governará. Por isso, é urgente revisitar esta reflexão que Eduardo Prado Coelho nos deixou antes de partir (25/08/2007):


Precisa-se de matéria prima para construir um País
Eduardo Prado Coelho - in Público



A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia,
bem como Cavaco, Durão e Guterres.

Agora dizemos que Sócrates não serve.

E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.

Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão
que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.

O problema está em nós. Nós como povo.

Nós como matéria prima de um país.

Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda
sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.

Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude
mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.

Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais
poderão ser vendidos como em outros países, isto é,
pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal
E SE TIRA UM SÓ JORNAL,DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares
dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa,
como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.

Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque
conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo,
onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.

Pertenço a um país:

-Onde a falta de pontualidade é um hábito;

-Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.

-Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.

-Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.

-Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que
é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória
política, histórica nem económica.

-Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média
e beneficiar alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas
podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.

-Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada
finge que dorme para não lhe dar o lugar.

-Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro
e não para o peão.

-Um país onde fazemos muitas coisas erradas,
mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.

Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates,
melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem
corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.

Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português,
apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim,
o que me ajudou a pagar algumas dívidas.

Não. Não. Não. Já basta.

Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas,
mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.

Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita,
essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui
até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana,
mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates,
é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós,
ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...

Fico triste.

Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje,
o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima
defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.

E não poderá fazer nada...

Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor,
mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a
erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.

Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco,
nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.

Qual é a alternativa ?

Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei
com a força e por meio do terror ?

Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece
a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados,
ou como queiram, seguiremos igualmente condenados,
igualmente estancados... igualmente abusados !

É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa
a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento
como Nação, então tudo muda...

Não esperemos acender uma vela a todos os santos,
a ver se nos mandam um messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses
nada poderá fazer.

Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.

Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:

Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e,
francamente, somos tolerantes com o fracasso.

É a indústria da desculpa e da estupidez.

Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável,
não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir)
que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco,
de desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI
QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.

AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.

E você, o que pensa ?... MEDITE !

Help Darfur