terça-feira, abril 17, 2007

A democracia e os ursos



Autor: Riber Hansson





A violenta repressão das manifestações populares em Moscovo e Sampetesburgo, no fim-de-semana, é reveladora das carências que ainda enfermam a recentíssima democracia russa mas, mais do que isso, também revelam que, mesmo aí, o processo democrático é imparável. Longe de conseguir abafar a revolta popular, com esta atitude o Kremlin só conseguiu dar-lhe a visibilidade além-fronteiras que os manifestantes pretendiam, independentemente da justeza das suas reivindicações - cujo conteúdo não ficou suficientemente claro na cobertura do facto pelos media de cá. Neste xadrez das estratégias do exercício do poder e contra-poder, destaca-se, no entanto, ao que parece, a vitória da inteligência contra a força bruta: Kasparov torna-se o rosto mediático dos confrontos. E é nesse contexto que a caricatura de Vladimir Putim, apresentada no Grande Prémio Internacional de Cartoon, em Sintra (cuja exposição se inaugurou também este fim-de-semana) adquire uma renovada dimensão simbólica: é a realidade a imitar a arte...

domingo, abril 15, 2007

Vai mas é assentar as telhas, seu malandro...

Um destes dias ficámos todos um pouco mais esclarecidos quanto ao que o Ministério da Educação entende por um currículo de estudos na área da música - e ficámos também "com a pedra no sapato" em relação às repercussões futuras que esse entendimento acarreta.

A questão veio a propósito de uma "reestruturação" dos modelos de frequência dos conservatórios que o ME se prepara para implementar, que parece reconhecer o direito à frequência dos mesmos apenas aos alunos que aos cinco ou seis anos de idade já consigam saber que querem ser mesmo profissionais na área da música! Quanto aos outros - os que quiserem estudar música como complemento de formação, ou que só descubram mais tarde a sua vocação - ficarão confinados às escolas particulares. Escusado será dizer que muitos destes casos, por falta de posses, verão as suas expectativas frustradas. Assim vai o país no que diz respeito ao ensino artístico...

Ora, em entrevista a um dos noticiários televisivos sobre este assunto, o digníssimo representante do ME, sr. Valter Lemos, ao argumentar sobre a urgência de uma reestruturação (de todas as possíveis, a tendência parece ser sempre para escolher a pior), assegurou que o estado de degradação do edifício do Conservatório de Lisboa era o reflexo do deficiente ensino aí ministrado!

Das duas uma: ou o sr. secretário de estado Valter Lemos não sabe falar português (e se assim for, não sabemos o que faz num Ministério da Educação), ou então está a dar largas (mais uma vez) à vox populi mais assanhada que considera todo o saber que não seja exclusivamente manual uma inutilidade.

Quererá o Sr. Valter Lemos afirmar que os currículos e as práticas pedagógicas do Conservatório de Música de Lisboa deveriam incluir, obrigatoriamente, disciplinas e exercícios de manuseamento de betão, conserto (e não concerto) de canalizações, telhados, reboco e pintura de paredes, etc, de modo a que o estado de conservação do edifício desse conta das "boas práticas lectivas" (M.L.R) aí ministradas????!!!!

Só falta mandar os estudantes de violino para cima do telhado, não para cantar "If I were a rich man..." mas para assentar telhas e tapar buracos...

Preparem-se que vem aí argamassa!

Help Darfur