sexta-feira, maio 19, 2006

Finalmente, uma atitude inteligente!

De novo a questão do projecto de Patrick Monteiro de Barros para construção de uma central nuclear em Portugal. Desta vez esbarrou com a oposição frontal da Associação de Municípios do Douro.
A notícia veio no Público. Os meus aplausos aos autarcas!


Nordeste Transmontano rejeita proposta de construção de central nuclear
18.05.2006 - 17h50 Lusa



As quatro câmaras municipais ribeirinhas do Nordeste Transmontano, que integram o Douro Internacional, rejeitam unanimemente a possibilidade de instalação de uma central nuclear no seu território, afirmaram à agência Lusa os autarcas da região.

Os autarcas de Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro, Mogadouro e Figueira de Castelo de Rodrigo reagem, assim, a um possível contacto do empresário Patrick Monteiro de Barros sobre a disponibilidade dos concelhos para neles ser estudada a construção de uma central nuclear.

Os edis admitem "recorrer, se necessário, a todas as formas de luta" contra um projecto que consideram "impensável" numa região que quer fazer do turismo e ambiente o seu futuro.

Representantes de Patrick Monteiro de Barros contactaram já a Câmara de Mogadouro para avaliar a disponibilidade para a instalação de uma central nuclear no concelho, confirmou o presidente da autarquia, Moraes Machado. Este terá sido, até agora, o único contacto feito com as câmaras da região.

Moraes Machado afirma que manifestou "indisponibilidade absoluta" para um projecto daquela natureza numa área protegida como o Parque Natural do Douro Internacional. "O município manifestou a indisponibilidade absoluta para aceder a uma situação destas", garantiu o autarca, acrescentando que vai propor em reunião camarária o "repúdio absoluto à implementação de tudo o que seja nuclear nesta zona".

O presidente da Câmara de Freixo de Espada à Cinta, José Santos, recusa-se mesmo a discutir a hipótese de construção de uma central. "Se for contactado para falar do nuclear, não recebo ninguém. Não quero sequer discutir o assunto", assegurou.

José Santos disse ter perguntado ao primeiro-ministro, José Sócrates, durante o "Governo Presente" em Bragança, no final de Abril, se o nuclear era uma opção do Executivo, ao que este lhe terá sido respondido que "não iria haver nuclear nem no Distrito de Bragança, nem no país". "Há qualquer coisa que não joga", considerou o autarca, reforçando o facto de aquela zona, além de área protegida, fazer parte também da reserva ecológica nacional, rede natura e região demarcada do Douro.

O presidente da Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo, António Edmundo, entende que acolher um projecto destes na área protegida "era pôr em causa todo o trabalho que tem sido desenvolvido em termos ambientais e turismo" e recorda que, "por ano, há 300 mil turistas a viajarem no Douro".

António Edmundo não acredita nos argumentos dos defensores da energia nuclear, nomeadamente o de que uma central pode ser um pólo de desenvolvimento para o ensino superior, na área da engenharia nuclear, devido ao número reduzido de especialista necessários para o funcionamento da central.

O autarca defende que, "mesmo que o país necessitasse de forma dramática de aumentar a produção de energia, existem outras alternativas para explorar, como a eólica, biomassa [resíduos florestais], solar e hídrica, assim como a construção de novas barragens".

Também o autarca de Miranda do Douro, Manuel Rodrigo, entende que "só o simples facto de se falar na possibilidade de uma central nuclear, afasta investidores na área do turismo, a principal aposta da região", o que considera "gravíssimo".

As consequências de um projecto desta natureza para os produtos locais de excelência, como o vinho, constituem também uma preocupação para o presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Aires Ferreira, principal defensor da barragem do Baixo Sabor, na mesma região.

O autarca diz que não entende como é que há anos a barragem esbarra em entraves ambientais e queixas dos ambientalista e surge agora esta ideia para uma central nuclear.

Um equipamento deste género necessita de estar próximo de um rio com uma bacia considerável para arrefecimento dos reactores, que provoca um aumento considerável na temperatura da água, que, segundo o autarca de Moncorvo, ronda "os dez graus", o que afectaria todo o ecossistema do Douro.

A Associação de Municípios do Douro Superior, da qual fazem parte os concelhos de Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa, Freixo de Espada à Cinta e Mogadouro, vai discutir o assunto, na próxima terça-feira.

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1257629

4 Comments:

At 12:56 da manhã, Blogger nnannarella said...

Bem... o homenzinho ou tem muita lata mesmo, ou deve ter sofrido alguma explosão nuclear no cérebro...Logo no Douro! E em Trás-os-Montes, a região que, provavelmente, é a mais impoluta e preservada do país...

 
At 11:30 da tarde, Blogger lena b said...

É verdade!
A questão é que as centraisa nucleares têm de estar em sítios de grande caudal de água. Em Portugal, há só dois rios com essa capacidade: o Douro e o Tejo.
Tirando os rios, só em baías, à beira-mar - daí aquele projecto dos anos 70, para Ferrel.
Mas ele vai insistindo. Sabes qual é o meu receio? A classe política já se anda a agitar com essa questão. E como as grandes surpresas vêm quando o povinho está entretido com os campeonatos de futebol, só espero que o Sócrates não se lembre de aproveitar a deixa do mundial para dizer o "sim" a Patrick Monteiro, compensando-o do "não" ao projecto da refinaria. Afinal, o homem até foi condecorado pelo Jorge Sampaio... :(

 
At 6:34 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Acho a questão completamente irrelevante, se Portugal tem ou não uma central nuclear. Se houver um desastre nuclear em Espanha, isso atingir-nos-há tanto como se isso acontecesse em Trás-os-Montes.
Além do mais, anos houve em que andámos a comprar energia eléctrica à França, energia produzida nas centrais nucleares francesas.
Acho que a energia nuclear é um opção a considerar, junto com todas as outras, todas nefastas para a pureza do ambiente.
Mas as nossas centrais térmicas produzem efeitos ambientais imediatos mais evidentes do que os do nuclear.
Na região de Chernobil, os ecossistemas naturais, abandonados pelos humanos, recuperaram espantosamente!

 
At 4:05 da manhã, Blogger lena b said...

Luís:

Esses são argumentos já demasiado batidos. E não era preferível apostar-se mais na produção alternativa de energia, como a eólica e a solar? E, quem sabe, numa racionalização do consumo?

Achas então que este pequeno rectângulo suportaria bem um acidentezinho ou outro, sem grandes tragédias, desde que pudéssemos colher benefícios? Esqueces-te que, mesmo que essa central fosse bem concebida, há sempre que ter em conta os erros humanos e o nosso país é pródigo neles. E não apenas o nosso! Para exemplo, nos EUA, um mega-projecto de 2002 (segundo uma reportagem da NBC) para fazer a reciclagem de lixos nucleares - transformando-os em vidro - ainda não foi concluído porque, imagina, se têm descoberto vários erros de concepção e outros de construção que põem em causa a sua segurança. Alguns desses erros resultaram de tentativas de minorar custos, com a utilização de materiais mais baratos - que já estrão a acusar desgaste, sem que a fábrica tenha sido terminada! Enquanto isso, os contentores depositados há largas décadas no subsolo, ameaçam romper-se, contaminando uma vasta área muito perto do rio Colorado...

À vista desarmada, parece que em Chernobyl os campos recuperaram, mas continuam contaminados com radioactividade. Diz-me cá uma coisinha a sério: eras capaz de lá viver?

 

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