quarta-feira, maio 03, 2006

Dá-se o benefício da dúvida?

Ministério da Educação vai criar conselho coordenador para as escolas públicas
02.05.2006 - 18h41 Lusa

A ministra da Educação anunciou hoje a criação de um conselho nacional coordenador de todos os conselhos executivos dos agrupamentos escolares do país, numa estrutura que pretende reforçar o papel das escolas na definição das políticas educativas.
A criação deste órgão - que deverá começar a funcionar até ao final do ano - foi anunciada pela ministra Maria de Lurdes Rodrigues numa reunião com os presidentes de conselhos executivos de todos os agrupamentos de escolas da região norte, que decorreu hoje no Parque de Exposições de Paços de Ferreira.

"O conselho coordenador vai ser criado ao longo deste ano para que as escolas possam ser constituídas parceiras na definição das políticas educativas e não apenas parceiras na sua execução", disse a ministra.
(in http://www.publico.pt)


Pelo menos nas intenções, esta decisão da Ministra de fazer os professores participar na definição de orientações educativas, e não funcionarem apenas como executores de ideias peregrinas de quem não dá aulas, pode ser o primeiro passo para a mudança. Com efeito, os professores sempre reclamaram (para surdos) que muitas orientações ministeriais dos últimos anos estão desfasadas da realidade e são, em muitos casos, inaplicáveis no contexto que temos. Espera-se, agora, que esse gabinete não seja apenas para dar mais "tachos" a burocratas e sirva o fim a que se destina. Já era a altura de reconhecer que o descalabro do Ensino, em Portugal, se deve - também - às más práticas legislativas que tem havido e ao autismo de quem tem coordenado a implementação dos programas e não apenas fruto de uma eventual má preparação dos professores, embora quanto a esta última também tenha havido muito erro, resultante de teorias românticas e construtivistas já obsoletas e mal compreendidas.
Chega de experiências pontuais e desgarradas!
O que faz falta é uma política coerente e, sobretudo, perceber que "ensino centrado no aluno" não significa aceitar qualquer coisa que ele faça, mas sim tornar acessíveis conteúdos difíceis, ajustando a linguagem às suas capacidades de compreensão. E, sobretudo, ser exigente com a aquisição de competências, para que os alunos não cheguem ao fim da escolaridade obrigatória sem saber distinguir , por exemplo, um verbo de um adjectivo.

A ver vamos, se vale a pena acreditar nesta medida do Ministério da Educação. Daqui a um anito ver-se-há quem foi nomeado para dirigir o conselho coordenador e o que faz. Para já...

5 Comments:

At 12:54 da tarde, Blogger nnannarella said...

Olá amiga.É hora de almoço e, portanto, não te ofereço um gin, mas uma imperial bem tirada.:)Gostei imenso da tua reflexão, sobretudo de

" O que faz falta é (...)perceber que "ensino centrado no aluno" não significa aceitar qualquer coisa que ele faça, mas sim tornar acessíveis conteúdos difíceis, ajustando a linguagem às suas capacidades de compreensão. E, sobretudo, ser exigente com a aquisição de competências (...) "

Porém, o problema é que ele há quem não saiba ajustar a "facilitação" de conteúdos à exigência com a aquisição de competências, gerando-se grandes permissividades à sombra da "lei do sucesso escolar"...

Sobre outras questões, mas sempre "na escola", convido-te a espreitares os "posts" da minha amiga Allegra:

http://allegrasakram.blogspot.com/2006/05/ateno.html

http://allegrasakram.blogspot.com/2006/05/e-agora-o-resto.html

Até breve.:)

 
At 3:24 da tarde, Blogger lésbica só said...

pois é... apesar de tudo ainda te resta uma pontinha de esperança, a mim não. sou mais a favor da nnannarella: puxar uma pistola. Fora iso ainda bem que aqui vim:)
Nnanna, qd tiveres gin, não te esqueças de me chamar...

 
At 12:14 da manhã, Anonymous Anónimo said...

E não se esqueçam depois de me chamar a mim se faxavor!
Gostei do que escreves e de como escreves lena b. Dei uma voltinha rápida. Há títulos que me chamaram a atenção, mas temde ficar para outro dia a leitura, pq são muito grandes os textos e estou sem cabeça a esta hora. Quanto à escola, prefiro nao me pronunciar hoje, que é para não estragar o cantinho!Bom domingo!:)

 
At 10:33 da tarde, Blogger lena b said...

nannarella:

A propósito do facilitismo em prol das estatísticas de sucesso, quem o dizes! Foi esse o motivo principal que me levou a evitar turmas de básico. E agora, que se preparam para implementar o sistema de teste americano nos exames do 12º, fico sem saber o que fazer....
Achas bem que emigre?

allegra:

Eu simplesmente decidi dar o benefício da dúvida mas, sinceramente, tenho algumas reservas. Também apontei a hipótese (quiçá bem provável) de tal gabinete servir apenas para atribuir mais uns tachinhos...

sulamita:

Força. Cá fico à espera. Quanto à extensão dos textos, olha, deve-se a duas coisas:
1º - não sou mesmo capaz de ser sintética;
2º - isto são ideias que vou remoendo, remoendo, durante uns dias, depois saem assim...

Obrigada por terem passado por cá ;)

Lena b

 
At 1:26 da tarde, Blogger nnannarella said...

Não. Não acho nada bem que emigres, embora pareça, sim, que o que "eles" pretendem seja afastar (pela exaustão e/ou depressão)qualquer ser que tenha espírito crítico, inventivo e competente-de-trasmitir-conhecimentos.
Querem a carneirada, dada a debitar da página x à página y, para quem ensinar é apenas um emprego, feliz de facilitar, pela mediocridade, as aprendizagens, porque isso também lhes facilita a vida...
Eu ando a pensar em mudar de vida, com muitas ganas...:)Pensa nisso também.
Deixe-te um mimo no "hermafrodito" da Hidra, para os teus alunos que confundem o andrógino com o andróide e o tino de rans...ah ah. Beijo.

 

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