terça-feira, junho 20, 2006

"Operação Gaivota 2006"

Já chegou também à educação, em Portugal, a moda americana de baptizar, com designações sonantes, as actividades que envolvem a participação das forças de segurança.

Num exercício de pura manipulação da opinião pública, foi ontem anunciada como se fosse uma decisão inédita (e não uma prática de décadas!) a mega-operação policial, com o nome de código "Operação Gaivota 2006" que este ano garante a distribuição dos enunciados dos exames pelas escolas. Deste modo, está salvaguardada a garantia de sigilo e inviolabilidade das provas que, depois de concluídas, seguem, naturalmente sob escolta policial, para os agrupamentos do GAVE "onde serão corrigidas", disse a ministra.

Podemos assim ficar todos descansados, pois graças a mais uma demonstração de rigor e preserverança da "nossa" Lurdinhas, o processo de exames será, doravante, indubitavelmente mais seguro do que nos anos anteriores , graças à "Operação Gaivota".

Podem os padeiros ficar descansados, que nunca mais terão de se preocupar em disfarçar os saquitos dos enunciados de exames no meio das sacas de farinha, nem de os ir entregar às escolas no meio dos tabuleiros dos bolos, porque, agora , a PSP trata do assunto.

Podem os professores correctores ficar descansados porque, a partir de agora, ou passarão a ter escolta policial, com batedores à frente e atrás, quando forem levantar e entregar as provas que corrigem, ou acamparão nos gabinetes do GAVE até à conclusão das correcções, com room service, para não terem de abandonar o posto, não vá serem alvo de qualquer chantagem ou assalto.

Podem os pais ficar descansados porque, a partir de agora os seus educandos têm garantida a segurança e transparência da sua avaliação externa.

Podem os alunos ficar descansados porque, a partir de agora, já não têm de se preocupar se o telemóvel recebeu carga suficiente, pois ficará à porta da sala em que são realizados os exames, permitindo-lhes uma concentração eficaz durante a realização da prova.

Assim, sim, senhora ministra! Está garantida a segurança do processo de exames nacionais! Foi preciso a senhora entrar em acção para isso acontecer! Bravo, senhora ministra! Nem sei como lhe agradecer o descanso que proporcionou a todo o país esta "sua" decisão, que ficará, pode estar certa, nos anais da História nacional - e quiçá mundial - para exemplo das gerações vindouras...

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