quarta-feira, julho 26, 2006

E quando a morte vem do céu?

Dois milhões de crianças mortas em conflitos armados nos últimos dez anos...

Parece óbvio que a melhor forma de se proteger as crianças das guerras é obrigar os adultos a crescer e a resolver os conflitos pela via diplomática, mas isso, como todos sabemos, está muito longe de acontecer. Principalmente quando uma boa parte dos países envolvidos em conflitos não admite que também faz parte do problema e não apenas da tentativa “burocrática” de solução, através de experiências-piloto-para-ocupar-mais-uns-quadros-que-vão-ganhar-uns-dólares-valentes-a-fazer-relatórios.

Vem isto a propósito de um Comunicado de Imprensa da UNICEF, segundo o qual os Estados-Membros do Conselho de Segurança da ONU renovaram há dois dias [em 24/7/06], em Nova Iorque, um compromisso para a protecção das crianças em conflitos armados. Debatem-se agora as medidas concretas para que esse compromisso seja levado à prática, entre as quais, a elaboração de relatórios da situação em sete países-piloto: Burundi, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Nepal, Somália, Sri Lanka e Sudão. O trabalho concentrar-se-á em seis categorias: o assassínio e a mutilação de crianças, o rapto, os ataques contra escolas e hospitais, a violência sexual, o recrutamento de crianças, e a negação do acesso humanitário em áreas de conflito.
“Durante séculos, as crianças foram vítimas de conflitos e, em grande medida, a sua tragédia tem ficado por registar e não tem tido a atenção merecida,” afirmou a Directora Executiva da UNICEF, Ann M. Veneman. “Agora, com o apoio do Conselho de Segurança, podemos finalmente avaliar a verdadeira escala do impacte sobre as crianças de modo para que possamos agir com eficácia. Nos últimos dez anos, cerca de 2 milhões de crianças morreram devido a guerras, e muitas mais tiveram de abandonar as suas casas.”

Está claro que que medidas como esta só pecam por tardias. Mas o curioso disto tudo é que, mais uma vez, as guerras lideradas pelos EUA a pretexto da denominada “Luta contra o Terrorismo” parecem estar fora das tais acções concretas imediatas para combater o problema das crianças-vítimas da guerra, assim como os eternos conflitos Israelo -Palestiniano – Libanês ou Russo-Tchecheno...

Será que os Estados-Membros do Conselho de Segurança se consideram acima de críticas ou à margem de qualquer intervenção urgente neste domínio? São só as chamadas "Guerras Tribais" (muitas delas "alimentadas" por interesses da chamada "economia global")as únicas responsáveis pelos massacres de crianças? Ou os atentados-suicidas do Hamas, Hezbollah, Al Qaeda e grupos similares? E quando a morte vem do céu? E quando os mísseis “inteligentes” lançados pelos EUA ou por Israel (com o apoio dos EUA) destroem bairros residenciais, aurocarros ou viaturas civis, em vez de alvos militares, não matam crianças?

Que legitimidade têm os Estados-Membros do Conselho de Segurança da ONU para se considerarem apenas parte da solução e não, também, parte do problema?

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