sexta-feira, março 17, 2006

Nunca é tarde...

... para falar dos direitos da Mulher.

No dia oito de Março, vários afazeres urgentes impediram-me de celebrar aqui o dia da Mulher. Hoje, numa volta pela internet, encontrei um texto que diz melhor do que eu o que tem sido a luta das mulheres em Angola sabendo, de antemão,que é apenas um exemplo entre tantos:

As lutas da mulher angolana

Recentemente um estudo apresentado em Luanda sobre os traumas de guerra revelou que a mulher angolana foi, durante o período da guerra civil, uma verdadeira heroína.

Com os homens fora, as mulheres passaram a ser a única fonte de rendimento das famílias e isso ainda hoje se verifica. Elas trabalham fora de casa, a grande maioria são mães solteiras e delas depende a sobrevivência dos filhos.

Contudo e apesar do papel fulcral que desempenham na sociedade angolana, continuam a ser marginalizadas em muitas áreas, nomeadamente na política. As dificuldades e as barreiras impostas pelo poder masculino são evidentes, basta observar que a grande maioria dos governantes são homens e apenas duas ministras compõem o elenco governamental, contra os 28 ministros.

Como se não bastasse os pelouros que defendem são “fracos” e estão quase sempre ligados, no caso de Angola ao Planeamento e à Família e Promoção Social, mas também são atribuídos ministérios ligados à Saúde, ou à Educação.

Considerando que este não é um problema exclusivamente de Angola, apesar do progressos notáveis de algumas nações, a mulher é por norma afastada dos cargos decisivos em nome de falsas questões que hoje em dia já não fazem qualquer sentido.

Mesmo em Angola existe já um número significativo de mulheres licenciadas com capacidades demonstradas em diversas áreas, mas apesar disso, não tem qualquer tipo de expressão na vida política, é certo que desempenham alguns cargos directivos de relevo considerável, mas mesmo assim é pouco substancial.

Para quando então uma mulher na presidência? Ou uma primeira-ministra?

Sem contar com o facto da constante desvalorização da mulher, quando por vezes, a própria permite que sejam criados estereótipos generalizados, que tratando-se de uma minoria, nada têm haver com a realidade.

Por isso encontramos em Angola vários tipos de mulher, a que quer vencer usando as suas capacidades intelectuais, a que vence usando a beleza tendo como alvo um casamento rentável do ponto de vista financeiro e a que trabalha arduamente para conseguir algum para viver.


Texto de Verónica Pereira

Daqui: http://www.angoladicas.com/forum_detail.asp?ID=157

2 Comments:

At 4:47 da tarde, Blogger nnannarella said...

Pois, no dia 8 de Março de 2005, pus o seguinte poema:


"Reais Ausências"

Não há rainhas, não.
Quando se fala em mitos é sempre Artur
ou D. Sebastião, um cheio de pormenores,
o outro embrenhado demais por infiéis
e ido em brumas

Não há rainhas, não.
Até D. Henrique VIII com muito mais élan do
que Isabel: mandou cortar cabeças como couves
e expandiu albiónico quintal.
A filha pouco fez, que já tinha o país
quase estrumado, pupila em oceano
e abolidas bulas - a prima: um pormenor
tão en passant como o Tomás
(depois canonizado)

Que Maria da Escócia
não tem graça nenhuma, se comparada
ao nosso D. Diniz: como o das rosas,
não plantou pinhais,
não tinha olho ferrado no futuro
nem domou as areias solitárias
ao som de Ai Deus e u é

(Não fora a inconstante Guinevere,
Artur: homem feliz
E a D. Sebastião serviu-lhe ser solteiro
sem rainha chorosa (ou exultante) com Alcácer-Quibir
- além disso razão de se extinguir
dinastia de Aviz)

Não há rainhas, não.
Até Vitória, na forma de mandar,
foi mais que homem:
manias de império,
toucados opressores e verso
espartilhados e de costumes

Mas rainhas a sério:
reinado em feminino e língua nove,
nariz torcido à guerra no sabre ancestral
de entranhas próprias,
não me lembro nenhuma

Não há rainhas, não.
Quando se fala em mitos,
é sempre Artur ou D. Sebastião
O resto: uma Avalon
ameaçando brumas


Ana Luísa Amaral, "Coisas de Partir"

(tudo a ver, não é verdade?) :)

 
At 1:10 da manhã, Blogger lena b said...

Ana Luísa:

Gostei muito do poema. Obrigada!


Realmente, seria tudo tão mais pacífico se o poder não tivesse sexo...

 

Enviar um comentário

<< Home

Help Darfur