segunda-feira, julho 28, 2008

E os antropófagos somos nós

Quando comemos um chocolate, quando compramos um tapete tecido à mão, quando olhamos para as fachadas de alguns "pacatos" lares dos subúrbios, estamos longe de imaginar que por detrás disso tudo ainda persiste, nos nossos dias, a mais abominante exploração humana: o trabalho escravo. E tudo isto graças ao modo aberrante como a globalização é entendida - e posta em prática - por gente sem escrúpulos, que pode viver bem ao nosso lado. Muitos de nós, sem nos darmos conta, pactuamos com esse estado de coisas e tiramos proveito do trabalho escravo de cada vez que escolhemos um bem de consumo apenas pelo preço de mercado, preferindo o mais barato, sem pensar que essa pechincha só existe porque alguém foi obrigado a produzi-la sem ganhar nada.
Todos os anos, centenas de crianças são raptadas na Índia e forçadas a trabalhar como escravas na indústria de tapetes. Jovens africanos do Mali chegam à Costa do Marfim - o maior produtor mundial de cacau - e são obrigados a trabalhar como escravos. Imigrantes ilegais, muitas delas adolescentes, que chegam à Europa e aos Estados Unidos, realizam trabalhos domésticos em regime de escravatura e total cativeiro. E não, isto não é um filme de ficção histórica - passa-se realmente no século XXI!
Andamos tão preocupados com a inflação e com o aumento do custo de vida, que é natural procurarmos os produtos mais baratos, mas não podemos alienar-nos desta realidade: quando os preços descem num qualquer hipermercado ocidental, alguém do outro lado do mundo morre de fome.
Ao comprarmos qualquer coisa importada ou não, neste "nosso" mundinho "civilizado", é quase impossível termos a certeza de que a sua produção não é feita à custa da nova escravatura. Mas de uma coisa temos de ter a certeza: não podemos saber disto e continuar indiferentes, pensando que o problema é só deles. Como diz um dos jovens escravizados na Costa do Marfim (ver link), "Eu nunca provei chocolate. Gostava que as pessoas que podem comer chocolate se lembrassem que, de cada vez que dão uma dentada, estão a comer a minha carne."

http://www.freedocumentaries.org/theatre.php?filmid=192&id=1097&wh=1000x720=en

2 Comments:

At 5:22 da manhã, Blogger Carlos Tronco said...

Excelente ponto de vista como sempre; Bjs

 
At 7:02 da tarde, Blogger lena b said...

Olá Carlos. Desculpa aparecer tão pouco por aqui ultimamente. Ando submersa em trabalho. Beijinhos

 

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